O Estado de Israel e o movimento sionista utilizam a história do povo judeu de perseguição e genocídio para justificar o massacre e a colonização que realizam há 67 anos contra os palestinos, mas nem todos os judeus concordam com isso. Este é o princípio fundamental da International Jewish Anti-Zionist Network, rede de organizações compostas por membros da comunidade judaica em diversos países do mundo,que está presente no Fórum Social Mundial Palestina Livre em Porto Alegre durante esta semana.
O Opera Mundi conversou com as ativistas Sara Kershnare Mich Levy, responsáveis pela formação do movimento há cinco anos, sobre os ideais, o funcionamento e o trabalho em rede que realizam.
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A organização teve início logo após o período da segunda intifada e, de acordo com Kershnar, seus princípios nasceram do questionamento trazido pelo movimento de libertação palestino da época. “Nós éramos contra os 65 anos de ocupação e os acordos de Oslo, mas tínhamos muita dificuldadede nos organizar e a rede vem dessa necessidade de estarmos unidos parapoder fazer algo de fato”, conta Levy que morava em Jerusalém.
Direito de retorno dos refugiados de 1948, justiça, direitos iguais e acriação de um Estado democrático para todos os povos – e não um Estado para o povo judeu - se tornaram os eixos para o estabelecimento da rede.“A libertação da Palestina e a luta contra o sionismo são nossas principais metas, mas nós também apoiamos outras causas anti-discriminatórias”, acrescenta Kershnar.
Apesar de seus ideais igualitários, o movimento é constituído apenas pormembros do judaísmo. “Como judeus, nós temos nossa própria discordânciacom a ideia do sionismo. Nós não acreditamos que um povo possa encontrar segurança estando sozinho e sendo agressivo contra outras populações”, explica Kershnar.
Segundo as ativistas, a organização tem a necessidade de mostrar à própria comunidade judaica que os sionistas e o governo israelense não podem os representar. “Muitas pessoas se sentem isoladas na comunidade religiosa, em sua família e rede de amigos. Quando eles conhecem o nossotrabalho, eles se identificam e isso constrói uma confiança para se posicionarem também”, afirma Levy.
O futuro do movimento anti-sionista, na análise das fundadoras da organização, é muito positivo. De acordo com Kershnar, o número de judeus contra a política segregacionista israelense está crescendo e deve aumentar ainda mais com a intensificação do fascismo das autoridades do país.
“Eles apagam toda a parte da nossa história que não cabe em seu programa. Eles não nos reconhecem como judeus e nos chamam de dissidentes”, acrescenta ela. “Isso tem que acabar”.